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crítica da AutoPeça DESVIO

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Desvio

(apresentado na Satyrianas 2011)

Por Renata Admiral
se permita mudar de caminho
***
AUTOPEÇA
“Desvio”
Criação: Lucas Arantes e Murilo Cesca
Elenco: Cia. Numseikitem: Murilo Cesca, Douglas Faria, Lucas Baumer e Lucas Arantes
Realização: Cia. Numseikitem e Cia. A Coisa e Teatro sem Porteira
***
Meu primeiro desvio foi tomado em novembro de 2010. Satyrianas, um crachá no peito e eu me movia em direção a uma das tendas montadas para o evento.
Um “garoto” corre em minha direção e diz:
– Assiste a gente!!
– Oi?
– Assiste a gente, nenhum de vocês vieram ainda, nós somos do Sul, vai começar agora, assiste a gente!!
– Não posso, tenho outra peça para ver, mas outra pessoa do nosso grupo virá assisti-los…
– Entra também, assiste a gente! – ele insistiu
Desvio tomado.
Penso que em certos momentos da vida, escolhemos uma direção, um caminho que pode nos transformar para sempre…num simples desvio.
Em um envelope eles chegaram: “olha o que o Sul nos trouxe”. Três personagens em busca de seus sonhos, três “meninos” completos, que se completam formando uma unidade: Teatro.
Teatro Quase Mudo, quase inexistente em nossa cultura, ou pelo menos bem longe dos olhos de cidades grandes, capitalistas e comerciais. Cidades sem raízes.
Teatro, Quase, Nada. Representam tudo o que a palavra arte engloba utilizando-se de quase…nada.
Murilo (Henrique) Cesca. Mambembe nato, em sua fala “assiste a gente”, olhar cheio de paixão. Um pequeno infante grandioso em sua arte.
Douglas Faria. Seu corpo é poesia, é pueril…sua entrega emociona e nos liberta de qualquer idéia pré concebida. Nos rendemos.
Lucas Baumer. Como não nos fascinar por seu corpo percursivo. A música que toma vida própria. Não é Lucas quem domina a música, mas sim, ela, que o tem como principal instrumento de expressão.
A Cia. Numseikitem existente desde 2006 vem somando em nossa cultura com seu teatro mambembe, levando a cada ano, acesso a arte para todo tipo de público.
Será então que o teatro é tão inacessível assim? Será que está tão longe de nós, como muitos, que, não tem o costume de ir, dizem? Ou somos acomodados em relação a uma arte tão efêmera, onde a magia acontece ao vivo, diante de nossos olhos, pulsante, onde atores e espectadores vivem momentos únicos, de troca de olhares, palavras e sensações que talvez só aconteça naquele instante, pois, na próxima apresentação serão outros olhos, outro pulso…
Por que não nos permitimos? Rir, chorar, se incomodar (sim, por que não?), sentir…refletir. Será que nos amedronta estabelecer relações reais?
Sentir algo em tempo real, com pessoas reais, presentes…pode ser um caminho, um novo caminho.
Meu segundo desvio foi tomado este ano. Satyrianas, novembro de 2011, crachá no peito. Avistei os meninos e corri até eles:
– Deixa eu assistir vocês?
A proposta das autopeças este ano no evento deixou muitos curiosos e a expectativa era grande para visualizar o que os artistas teriam vislumbrado desta interação com a cidade e com a expansão de noção do espectador.
O espetáculo já tinha seu início na abordagem aleatória feita pelas calçadas da praça. Os 3 escolhidos (por sessão) são convidados a entrar no carro. As portas se fecham e um sequestro é anunciado perante toda a praça.
No banco da frente o motorista e o sequestrador. Partimos.
Não é o sequestro pelo sequestro, é além. É a chance de nos perdermos e nos encontrarmos, de fugirmos do que nos condiciona. Nos sequestram sonhos, emoções, lembranças e ficamos reféns de suas palavras, prisioneiros de suas reflexões que se tornam nossas reflexões.
“E se em algum momento todos parassem”, olhassem para dentro de si, o que encontraríamos mais submerso? E se conseguíssemos enxergar quem verdadeiramente somos? Não o que queremos ser ou como as pessoas nos projetam, gostaríamos do que veríamos?
A interação acontece conosco, dentro do carro, com a cidade e com as pessoas que transitam, vivendo suas vidas. Nos vemos nestes transeuntes, nos identificamos em seu medo, em sua falta de entendimento, na sua inércia.
“Estamos todos reverberando em uma única teia, é isso?”.
É isso?? Sendo conduzidos por caminhos que não escolhemos, sendo manipulados dentro de um contexto que talvez nem sequer acreditamos.
Do que sente falta? De quem sente falta? “Quem você escolheria para ser espectador da sua história?”
“Você teria coragem de ligar agora, para alguém que sente saudades e homenagearia esta pessoa?”
Em meio a tantos sentimentos transbordando e a procurar um número de telefone somos surpreendidos por uma serenata dentro do carro, e então, tudo se mistura…”Casinha Pequenina”, a voz do outro lado que diz “alô” e que diz também sentir sua falta, você (eu)…
Simples assim, a mágica acontece dentro de cada um.
O que fazer agora com tantos sentimentos borbulhando, com tantas sensações, como reagir a isso?
Ao final somos presenteados e aconchegados com um show de expressão musical, nos fazendo lembrar que estamos vivos, que pulsamos.
Para quem se permitiu ser tocado, para quem se permitiu vivenciar tudo o que foi proposto dentro daquele carro, só resta sair, sentar na calçada e deixar reverberar todos os sentimentos vividos naquele instante, deixar fluir, deixar sentir, deixar viver.
Sequestraram muitas peculiaridades minhas naquele dia…mas em troca, me deixaram mais viva do que nunca.
É na simplicidade, em seu teatro mais puro, junto com o que acreditam que eles conseguem tocar cada um de nós.
Numseikitem.
Eu sei o que eles tem. Eles tem um sonho que é igual ao seu, que é igual ao meu e que é bonito. Possível.
Eles tem um dom.
“Adelante”!!
(Fonte: Antro Exposto)
(Frames aqui)

Written by lucasarantes

novembro 30, 2011 at 2:59 am

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vídeo SEM DESEJO SEM MEMÓRIA #Satyrianas

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A apresentação foi no dia 28 de novembro, às 5h da manhã, na tenda do Dramamix, dentro da Satyrianas 2010.

Written by lucasarantes

dezembro 3, 2010 at 5:29 pm

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Sem Desejo Sem Memória

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Estreia neste final de semana o meu primeiro trabalho como diretor. A peça se chama Sem Desejo Sem Memória. Quem dá vida ao texto é o ator Mateus Barbassa.

Domingo, 28 de novembro, na Tenda do Dramamix, dentro da Satyrianas

“Sem Desejo Sem Memória”, de Lucas Arantes
Direção: Lucas Arantes
Elenco: Mateus Barbassa

05h00 (da manhã!)

Written by lucasarantes

novembro 25, 2010 at 1:09 am

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